Entrevista a Mário Aroso de Almeida, Diretor da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa
“O ensino é uma grande responsabilidade. Estamos a ajudar a construir o futuro das pessoas.”
Mário Aroso de Almeida
Diretor da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa
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Que adaptações têm sido levadas a cabo para que a formação em Direito dê resposta às necessidades dos novos tempos?
Nos últimos anos, o panorama de internacionalização alterou-se bastante e isso projetou-se muito na área do Direito. Por outro lado, o processo de Bolonha também introduziu grandes alterações no ensino. Estes dois fatores foram muito importantes para estas mudanças. A Faculdade de Direito da Universidade Católica esteve na vanguarda dessa transformação porque antecipou as reformas de Bolonha e avançou para modelos de ensino mais personalizados. Além disso, lançou a Global Law School com cursos voltados para a internacionalização e para a captação de alunos estrangeiros. O processo de Bolonha trouxe ainda uma maior procura em relação aos mestrados, os quais passaram a ser exigidos para certas profissões jurídicas.
Considera que um dos aspetos diferenciadores da Universidade Católica passa por essa abertura à sociedade, tanto em termos nacionais, como internacionais?
Eu diria que sim. A Universidade Católica, quer em Lisboa, quer no Porto, pelo facto de ser mais jovem do que as outras instituições mais clássicas, teve uma maior facilidade de adaptação – algo natural, pois trata-se de uma instituição menos pesada e mais ágil.
A visão adotada passou a ter um carácter mais global? E o mesmo se poderá dizer sobre a própria a Justiça?
Sem dúvida, os próprios alunos vêm com outra visão das coisas. É muito importante perceber como é que funcionam as coisas nos outros países. Para pensar fora da caixa é preciso olhar para outras caixas, conhecer novos mundos, sem se perder de vista a realidade nacional. (…) Trata-se de uma gestão difícil para que se alcance um equilíbrio. É preciso que os estudantes percebam que o seu futuro pode não passar por Portugal, que existem outros caminhos e que devem ter uma visão aberta disso. Os nossos estudantes são cada vez mais qualificados, até porque as médias de acesso têm vindo a aumentar e são, comparativamente a outras universidades, muito requisitados pelo mercado.
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E tendo em conta essa realidade que se confunde com o fenómeno da globalização, como é que funcionam os protocolos com outras instituições fora de Portugal?
No plano da internacionalização, há diversas iniciativas com parceiros estrangeiros. Ao nível do Erasmus, já existe uma experiência vasta e, na minha opinião, estamos perante um caso de sucesso. Nesse âmbito, o que se faz é programar os períodos de Erasmus para uma fase mais adiantada da licenciatura, pois o currículo é mais flexível, podendo o aluno escolher opções mais específicas do seu agrado. Existem muitos caminhos a explorar. E não podemos resumir estes projetos à ida dos nossos alunos para fora, uma vez que o mesmo também passa por captar estudantes estrangeiros.
Como é que garantem o acompanhamento dos estudantes no momento da entrada no mercado de trabalho?
Temos serviços de apoio aos estudantes que procuram garantir o acompanhamento em diversas matérias, ajudando na preparação de entrevistas, assegurando contactos com o mercado para colocação dos nossos licenciados, etc. Temos, ainda, um outro serviço que procura obter feedback por parte dos alunos, isto para que consigamos ter uma perceção mais exata da realidade.
E no que toca à solicitadoria e à ação executiva, estas já são opções mais tidas em conta no âmbito do leque das muitas alternativas disponíveis?
Eu penso que, hoje em dia, os estudantes de direito têm perceção das vias profissionais que estão abertas. Procuramos, inclusivamente, organizar iniciativas em que se divulgam as várias saídas profissionais. Começou de uma forma embrionária, mas, neste momento, já é um grande evento.
Participar na direção de um estabelecimento de ensino representa um desafio constante pela gestão de expectativas e futuros a que obriga?
O ensino é uma grande responsabilidade. Estamos a ajudar a construir o futuro das pessoas. Aliás, eu até considero ainda mais importante o ensino de base. Na minha opinião, esse, sim, molda as pessoas. As faculdades têm um papel muito importante na formação de um adulto que já está numa fase adequada para receber as ferramentas que lhe irão permitir ter uma visão estruturada do mundo e exercer uma profissão. E a dificuldade com que as universidades sempre se debateram passa, precisamente, pela conjugação destas dimensões. Por um lado, formar cabeças para o mundo e, por outro lado, prepará-las para o exercício das profissões.
Quais são os caminhos e os destinos que se adivinham para o futuro?
A internacionalização e o reforço da qualidade, pois aí está a chave de tudo. É preciso assegurar que se corresponde a essa confiança depositada por quem escolhe a Universidade Católica. Isso é um trabalho que temos de fazer todos os dias.
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