Fafe. Porventura soa-lhe a rally. Se calhar, a vitela assada. Alguns, ao ouvir estas quatro letrinhas, respondem em alta voz “Com Fafe ninguém fanfe!”. Para outros, há um tal bruxo que vem à ideia. Para mim, Fafe significa o melhor cantinho do mundo.
Decorria o ano de 1887 e, na sua obra “O Minho Pittoresco”, José Augusto Vieira escrevia o seguinte: “Olhe, meu caro, esta boa terra de Fafe é assim: pão pão, queijo queijo; portuguesa de lei, hospitaleira, franca até à rudeza e capaz também de pôr um bom cacete de cerquinho, na sua justiça deles, onde el-rei não haja posto a sua própria. É que a espada vai na burra, e nada por isso de contrariar a altaneira Fafe. Mas é de simpatizar, não é verdade?” É verdade, sim senhor!
Fafe, a sala de visitas do Minho e a mais brasileira das terras portuguesas – é aqui que se encontram alguns dos mais belos exemplares da arquitetura trazida para o nosso país, em finais do século XIX, pelos “brasileiros de torna viagem”: emigrantes fafenses que fizeram fortuna no Brasil e regressaram para investir na sua terra natal, construindo palacetes que ainda hoje marcam a paisagem local.
Fafe, a terra da Justiça, como se confirma pelo monumento erguido junto ao tribunal e pela velha lenda da Justiça de Fafe, que vem dos tempos das Cortes, em que os homens de Fafe eram conhecidos pela sua forma viril e frontal de resolver as questões.
Fafe que inspirou e acolheu Camilo Castelo Branco, homenageada no romance Mistérios de Fafe (1868) e nas duas peças de teatro O Morgado de Fafe em Lisboa (1861) e O Morgado de Fafe Amoroso (1865).
Fafe dos passeios e da natureza. Das frondosas margens da barragem da Queimadela, das aldeias e dos espigueiros. Da igreja românica de Arões, o único monumento nacional deste concelho, à Casa do Penedo, a casa mais estranha do mundo, construída nos anos 70 entre quatro penedos nos píncaros da serra. E, por falar em serra, não se esqueça de subir ao famoso salto da Lameirinha e experienciar o momento alto do rally de Portugal.
Fafe é vitela assada à sua moda, é cavacas e pão de ló de Fornelos. É casas em granito, bombos nas romarias, é tabernas, é uma ‘estridéinte’ pronúncia, é fogo de artifício na noitada da Senhora de Antime. É ver o Rui Costa (sim, o Rui Costa) a fazer-se homem e jogador na Associação Desportiva de Fafe, enquanto os fafenses gritam no estádio municipal: “É o Fafe, é o Fafe! À vitória, à vitória!”
É esta a verdade.
Para mim, Fafe é o melhor cantinho do mundo.